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Você sabia que a aromaterapia está se tornando a queridinha dos brasileiros quando o assunto é saúde e bem-estar? Com a busca crescente por práticas terapêuticas naturais e complementares, a aromaterapia tem conquistado espaço nos lares e consultórios, oferecendo uma abordagem holística para promover o bem-estar físico, emocional e mental. Desde os antigos egípcios até os dias atuais, a história da aromaterapia é rica em tradição e eficácia, e hoje vamos explorar como essa prática secular está ganhando ainda mais destaque em solo brasileiro. Prepare-se para mergulhar no mundo dos óleos essenciais e descobrir os diversos benefícios que a aromaterapia pode oferecer para a sua saúde e qualidade de vida.
Definições
A Aromaterapia é definida como uma prática terapêutica secular que consiste no uso intencional de substâncias voláteis extraídas de plantas – os óleos essenciais – para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando à promoção da saúde física e mental, ao bem-estar e à higiene.
Os óleos essenciais (OEs) são substâncias líquidas voláteis extraídas de plantas aromáticas por destilação a vapor ou prensagem a frio. Os óleos essenciais são compostos por uma grande variedade de componentes químicos que consistem nos metabólitos encontrados em vários materiais vegetais. Os principais componentes químicos dos óleos essenciais incluem terpenos, ésteres, aldeídos, cetonas, álcoois, fenóis e óxidos, que são voláteis e podem produzir odores característicos.

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“A natureza nos abençoou com um tesouro de essências líquidas (óleos essenciais) de cheiro agradável, joias com muitas facetas. Segure um (óleo essencial) contra a luz e admire suas características antimicrobianas, vire-o novamente e reconheça seus benefícios anti inflamatórios, vire-o novamente para ver como ele pode afetar positivamente a mente, o humor e a emoção. Cada óleo essencial, como um prisma, contém um arco-íris de possibilidades.
Não podemos deixar de admirar a capacidade dos óleos essenciais de operar eficazmente não apenas nos níveis bioquímico, celular e físico, mas também nas áreas emocional, intelectual, espiritual e estética das nossas vidas. Eles fornecem um sistema de cura que está em total harmonia com as pessoas, que são multifacetadas. Os óleos essenciais foram examinados, dissecados e submetidos a inúmeros processos analíticos relacionados à sua química, peso, refração da luz, polaridade e qualidades elétricas. A ciência pode nos dizer muito sobre eles, mas ainda há muita coisa que permanece um mistério.
Não há nada leve nos óleos essenciais. Embora tenham um cheiro doce, eles são poderosos. Isto é reconhecido por empresas e instituições privadas que trabalham silenciosamente em laboratórios nos bastidores para estabelecer quais das muitas propriedades dos óleos essenciais poderiam desenvolver comercialmente. E eles estão mantendo os escritórios de patentes ocupados. Mas os benefícios dos óleos essenciais já estão disponíveis para você.”
- Valerie Ann Worwood, The Complete Book of Essential Oils and Aromatherapy
História da aromaterapia
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As plantas aromáticas têm sido usadas há milhares de anos e suas raízes estão profundamente enraizadas em diversas culturas ao redor do mundo (Tabela 1). Hipócrates, o pai da medicina moderna, defendia o uso de algumas plantas aromáticas, acreditando que banhos aromáticos e massagens perfumadas eram essenciais para uma boa saúde. As evidências históricas dessa prática remontam a antigas civilizações, como os egípcios, gregos, romanos, chineses e indianos, que utilizavam óleos aromáticos em práticas religiosas, rituais de cura e abordagens medicinais. No Egito Antigo, por exemplo, os óleos essenciais eram amplamente empregados em processos de mumificação e tratamentos terapêuticos.
Embora a prática seja ancestral, o termo “aromaterapia” foi formalmente introduzido no século XX pelo químico francês René-Maurice Gattefossé. Em 1928, após sofrer queimaduras graves em um acidente de laboratório, Gattefossé observou os notáveis efeitos terapêuticos do óleo essencial de lavanda em suas mãos feridas. Esse incidente o inspirou a investigar mais a fundo as propriedades dos óleos essenciais, culminando na publicação de “Aromatherapie: Les Huiles Essentielles Hormones Végétales” em 1937, estabelecendo assim os fundamentos da aromaterapia moderna.
Após Gattefossé, outros estudiosos e praticantes, como Jean Valnet e Marguerite Maury, desempenharam papéis importantes no desenvolvimento da aromaterapia. Jean Valnet, um médico militar francês, utilizou óleos essenciais em seus tratamentos durante a Segunda Guerra Mundial e ajudou a disseminar a prática internacionalmente através de sua obra “Aromathérapie”, publicada em 1964. Marguerite Maury, por sua vez, desenvolveu técnicas de massagem com óleos essenciais que se tornaram amplamente populares em todo o mundo.
Desde então, a aromaterapia tem experimentado um aumento significativo de popularidade e aceitação, sendo integrada em diversas abordagens de medicina alternativa e complementar, incluindo a naturopatia, a medicina holística e a massoterapia. Essa prática continua a evoluir, proporcionando benefícios terapêuticos e bem-estar a muitas pessoas ao redor do mundo.
País | Terapia Cultural |
Cultura egípcia | Resinas, bálsamos e óleos perfumados. Papyrus Ebers escreveu um famoso manuscrito sobre medicina aromática. Acredita-se que isso seja por volta de 2800 a.c. |
Iraque | Um esqueleto foi encontrado há 30 mil anos com concentração de óleos essenciais vegetais extraídos. |
Índia | O sistema natural Ayurveda da medicina foi baseado na doença devido a um desequilíbrio de estresse na consciência de uma pessoa. Necessidade de recuperar o equilíbrio por purificações internas seguidas de dieta especial, remédios fitoterápicos, massoterapia, ioga e meditação |
China | O manuscrito de Shen Nung listou 350 plantas em 2800 a.c. Os médicos ayurvédicos são chamados de homens santos. Os xamãs indianos são conhecidos como perfumeros, a partir de aromas de plantas. A cultura chinesa ainda abraça a fitoterapia. Medicina tradicional chinesa. Baseada na energia de harmonia do yin-yang. O equilíbrio dos opostos é fundamental para a saúde. Desequilíbrio tem doença. Acupuntura, cupping, chás de ervas, pós de plantas, meditação, e queima de ervas perto da pele. |
Grécia | Teofrasto herdou o jardim botânico de Aristóteles. Ele escreveu um livro sobre usos específicos e fórmulas para aromáticos. A fórmula de Kyphi continha 16 plantas e era usada para dormir e ansiedade, para acalmar a pele e como antídoto para picada de cobra. Tornou-se o pai da botânica. Hipócrates escreveu sobre banhos aromáticos e propriedades antibacterianas e pediu às pessoas que levassem plantas aromáticas para proteção. Pedanius Dioscorides escreveu De Materia Medica cobrindo 700 plantas, incluindo aromáticas. A era pré-cristã surgiu com a crença de que os óleos essenciais eram pagãos. Em resposta, o Papa Gregório Magno aprovou uma lei proibindo todos os aromáticos. Obras de Galeno e Hipócrates foram contrabandeadas para a Síria para guarda. |
Arábia | Ibn Sina, um médico árabe, usou aromáticos, como senna, cânfora e cravo-da-índia, para tratamento médico. Henbane inalatório foi usado como anestésico. Açúcar tópico foi usado para parar o sangramento. Rosa ou flor de laranjeira era usada como sabor para a medicina. Isso levou à fabricação de medicamentos. A aromaterapia médica surgiu no século III. A primeira loja privada de boticários abriu em Bagdá. com medicamentos dispensados. como tinturas, supositórios, inalantes e comprimidos. |
Alemão | Hieronymus Braunschweig, cirurgião e botânico, escreveu um livro sobre destilação de óleos de plantas que incluía 25 óleos: |
França | Em 1919, Gattefossé, um famoso químico, foi queimado em uma explosão em seu laboratório. Os ferimentos ficaram infectados. O enxágue da ferida com óleos essenciais erradicou a infecção. Ele cunhou o termo, aromaterapia, e era conhecido pelo uso médico de óleos essenciais com suas propriedades antibacterianas e curativas de óleos essenciais. Jean Valnet, um médico do exército, escreveu o primeiro livro de aromaterapia de um médico. Shirley Price é autora de Aromaterapia para Profissionais de Saúde. Ela é conhecida pelo uso clínico de óleos essenciais. Em 1961, Marguerite Maury, uma enfermeira, publicou Le Capital “Jeunesse”. Este livro classificou o uso de óleos essenciais pelos departamentos clínicos, como cirurgia e tratamento de spa. Maury ganhou 2 prêmios internacionais por sua pesquisa. |
Fonte: Tradução livre da tabela 1 do artigo: FARRAR, Ashley J.; FARRAR, Francisca C. Clinical aromatherapy. Nursing Clinics, v. 55, n. 4, p. 489-504, 2020.
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Uma abordagem holística
O termo “holística” deriva do grego “holos”, que significa “todo” ou “inteiro”. Na aromaterapia, uma abordagem holística significa considerar a pessoa como um todo, incluindo não apenas os sintomas físicos apresentados, mas também aspectos emocionais, mentais e espirituais. Portanto, um terapeuta holístico não apenas trata os sintomas visíveis de uma condição, mas também investiga e aborda as causas subjacentes, levando em conta o bem-estar global do indivíduo. Essa abordagem reconhece a interconexão entre corpo, mente e espírito, buscando promover o equilíbrio e a harmonia em todas as áreas da vida do paciente.
Atualmente, a aromaterapia está ganhando cada vez mais destaque como uma terapia complementar amplamente utilizada, oferecendo uma variedade de tratamentos eficazes para diferentes estágios de saúde e bem-estar. Além disso, o uso regular de produtos e tratamentos de aromaterapia pode ser benéfico para fortalecer o sistema imunológico, adotando assim uma abordagem preventiva para manter a saúde em geral.
Uma das principais razões para o reconhecimento da eficácia da aromaterapia é sua abordagem holística. Os aromaterapeutas consideram não apenas os sintomas apresentados, mas também o histórico médico, a condição emocional, o estado de saúde global e o estilo de vida do indivíduo antes de planejar qualquer tratamento. Isso significa tratar a pessoa como um todo, reconhecendo que os sintomas podem estar relacionados a fatores emocionais e ambientais, além de questões físicas.
Por exemplo, muitas vezes, condições como dores nas costas, problemas respiratórios ou dores de cabeça estão ligadas ao estresse e não apenas a problemas físicos isolados. Portanto, apenas tratar os sintomas com medicamentos pode oferecer apenas alívio temporário, sem resolver as causas subjacentes. Em vez disso, identificar e abordar as causas do estresse pode levar a soluções mais eficazes e duradouras para essas condições. Essa abordagem não apenas alivia os sintomas, mas também ajuda a prevenir sua recorrência, promovendo assim uma melhor qualidade de vida.
Uma abordagem clínica e científica
A aromaterapia é uma prática terapêutica que utiliza óleos essenciais extraídos de plantas para promover o bem-estar físico, emocional e mental. A abordagem clínica da aromaterapia vem sendo cada vez mais reconhecida e estudada pela comunidade científica, devido aos seus benefícios comprovados para a saúde.
Estudos científicos têm demonstrado que os óleos essenciais possuem propriedades terapêuticas, tais como ação anti-inflamatória, analgésica, ansiolítica, antidepressiva, entre outras. Além disso, a inalação dos aromas dos óleos essenciais pode estimular o sistema límbico do cérebro, promovendo o equilíbrio emocional e mental.
Na prática clínica, a aromaterapia é utilizada como complemento ao tratamento convencional, auxiliando no alívio de sintomas de diversas condições de saúde, tais como dor crônica, ansiedade, estresse, insônia, entre outras. Os óleos essenciais podem ser aplicados de diversas formas, como massagens, compressas, inalações, banhos, entre outras. Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde qualificados realizem uma avaliação completa do paciente, levando em consideração seu histórico de saúde, possíveis alergias e sensibilidades, para então indicar o uso adequado dos óleos essenciais.
A aromaterapia no Brasil

ABRAROMA / AROMAFLORA / IBRA
A aromaterapia no Brasil começou a ganhar popularidade na década de 1990, consolidando a atuação de empresas e profissionais nesse setor. Em 1997, a Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia (ABRAROMA) foi fundada em São Paulo com o objetivo de promover a aromaterapia no Brasil e reunir diversos profissionais da área. A ABRAROMA implementou a Certificação Nacional em Aromaterapia (CertAroma) e o Código de Ética Profissional, passos importantes para a autorregulamentação da prática no país.
Em 2004, a Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Aromaterapia (AROMAFLORA) foi criada, sendo pioneira na implementação de um curso de formação profissional em aromaterapia, que atende às exigências da CertAroma. Em 2009, o Instituto Brasileiro de Aromatologia (IBRA) foi fundado pelo Grupo Laszlo, com o objetivo de ampliar o acesso à educação sobre aromatologia e promover o uso seguro e orientado dos óleos essenciais, baseado em conhecimentos científicos e holísticos. O IBRA também apoia projetos e pesquisas sobre óleos essenciais em universidades e instituições do Brasil e de outros países.
É válido ressaltar que, embora haja essas organizações sobre aromaterapia no Brasil, atualmente não há registro profissional ou conselho de classe para aromaterapeutas. A aromaterapia é uma profissão livre, ou seja, ela nem é reconhecida como uma ocupação pelo Ministério do Trabalho, nem é regulamentada através de lei pelo Congresso Nacional. Mas, a ABRAROMA oferece a CertAroma, uma certificação que atesta a qualidade da formação dos profissionais, embora sua adesão seja voluntária.
Mas foi somente em 2018 que a aromaterapia foi incorporada à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), marcando um avanço significativo para essa prática no Brasil. A PNPIC, criada pelo Ministério da Saúde em 2006, visa integrar diferentes práticas terapêuticas tradicionais e complementares ao sistema público de saúde, promovendo um cuidado integral e humanizado. A inclusão da aromaterapia na PNPIC em 2018 trouxe reconhecimento oficial e abriu espaço para a utilização de óleos essenciais como uma ferramenta terapêutica no SUS. Essa prática passou a ser mais acessível à população, oferecendo uma alternativa natural e complementar aos tratamentos convencionais.
PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
Conclusão
Depois de explorarmos a vastidão aromática da aromaterapia, fica claro como essa prática antiga encontrou um novo lar no coração e na mente dos brasileiros. Desde os tempos ancestrais até os dias atuais, os óleos essenciais têm sido aliados valiosos para promover nosso bem-estar físico, emocional e espiritual.
Mas não se trata apenas de história e tradição; a aromaterapia está ganhando cada vez mais respaldo científico e reconhecimento oficial, integrando-se até mesmo ao sistema de saúde público brasileiro. E agora, convidamos você a fazer parte desse movimento de equilíbrio e harmonia. Que tal experimentar a aromaterapia em sua vida diária? Seja através de massagens relaxantes, inalações revigorantes ou até mesmo simplesmente adicionando algumas gotinhas de óleo essencial ao seu banho, você pode descobrir um mundo de benefícios para o seu corpo e mente.
Agora é hora de agir! Que tal experimentar a aromaterapia para descobrir seus benefícios em primeira mão? Você pode começar adquirindo alguns óleos essenciais e explorando suas propriedades terapêuticas em casa, seja através de massagens relaxantes, inalações revigorantes ou até mesmo em seus rituais diários de autocuidado. Lembre-se sempre de buscar orientação de profissionais qualificados e aproveite essa jornada aromática rumo ao bem-estar físico, emocional e espiritual. Sua saúde agradece!
Referências:
Institute Tisserand. What Is Aromatherapy? The Dividing Lines Between Feel-Good and Medicine. Disponível em: https://tisserandinstitute.org/what-is-aromatherapy-petra-ratajc/. Acesso em: 05/06/2024.
VORA, Lalitkumar K. et al. Essential oils for clinical aromatherapy: a comprehensive review. Journal of Ethnopharmacology, p. 118180, 2024.
PDQ Integrative, Alternative, and Complementary Therapies Editorial Board. Aromatherapy with essential oils (PDQ®). In: PDQ Cancer Information Summaries [Internet]. National Cancer Institute (US), 2005.
FARRAR, Ashley J.; FARRAR, Francisca C. Clinical aromatherapy. Nursing Clinics, v. 55, n. 4, p. 489-504, 2020.
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BRITO, A. M. G. et al. Aromatherapy: from genesis to today. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 15, p. 789-793, 2013.